Servidor, entenda o PAD de forma prática em 5 pontos

Um guia prático de como funciona o PAD para servidores que desejam compreender as fases, prazos e garantias processo.

Como funciona o pad: homem lendo documento preocupado e falando ao telefone.

Receber uma notificação sobre um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) costuma gerar apreensão. Mas é importante saber que o PAD não é um instrumento de punição automática.

Muitos servidores acreditam que ele existe apenas para aplicar penalidades, mas o verdadeiro objetivo do processo é garantir uma apuração justa, transparente e técnica, preservando o direito à estabilidade e os princípios da legalidade, do devido processo legal e da ampla defesa.

A seguir, veja de forma prática os cinco principais pontos que todo servidor precisa compreender sobre o PAD.

O que é o PAD

O Processo Administrativo Disciplinar é o procedimento utilizado pela Administração Pública para investigar e apurar eventuais infrações funcionais atribuídas a servidores públicos.

Sua finalidade é proteger tanto o interesse público quanto o próprio servidor, assegurando que nenhuma penalidade seja aplicada sem prova e sem defesa.

A Lei nº 8.112/90 regula o PAD para servidores federais, e leis estaduais e municipais equivalentes seguem a mesma estrutura, sempre respeitando o contraditório e a ampla defesa.

Leia mais sobre como funciona o PAD.

Quando o PAD é instaurado

O PAD é instaurado quando há indícios concretos de irregularidade na conduta de um servidor.

Antes dele, pode ocorrer uma sindicância investigativa, que serve para avaliar se existem elementos suficientes para justificar a abertura do processo disciplinar.

A instauração acontece por meio de portaria publicada, que:

  • Define o fato a ser apurado;
  • Nomeia os membros da comissão processante; e
  • Determina o início formal do processo.

As fases do PAD — passo a passo

Como funciona o PAD: comissão reunida analisando documentos.

a) Instauração
A autoridade competente nomeia, por portaria, três servidores estáveis para compor a comissão processante: presidente, secretário e membro.

Esses servidores devem ter idoneidade e não podem ter interesse no caso, nem laços de amizade íntima ou inimizade com o investigado.

O objetivo é garantir a imparcialidade e a confiança no processo.

b) Instrução
É a fase de produção de provas e colheita de depoimentos.

Durante a instrução:

  • O acusado pode arrolar testemunhas (geralmente até três por fato apurado, salvo norma diversa);
  • A comissão também pode indicar e ouvir testemunhas que considerar pertinentes para esclarecer os fatos;
  • Podem ser realizadas perícias técnicas, caso haja dúvida sobre documentos, sistemas, assinaturas, cálculos ou outros aspectos técnicos;
  • O interrogatório do servidor ocorre por último, após todas as testemunhas, para que ele possa se manifestar com pleno conhecimento das provas apresentadas.
  • O interrogatório é o momento em que o servidor apresenta sua versão diretamente à comissão, podendo esclarecer pontos importantes e rebater suspeitas.

c) Defesa escrita
Encerrada a instrução, o servidor (ou seu advogado) é intimado para apresentar a defesa escrita, dentro do prazo legal.

Aqui é essencial verificar o estatuto aplicável:

  • No âmbito federal, o prazo é contado em dias corridos.
  • Em alguns estados e municípios, como Goiás, o prazo é contado em dias úteis.

A defesa deve apresentar:

  • Argumentos técnicos e jurídicos;
  • Documentos e provas;
  • Alegações de nulidades, vícios processuais e eventuais excessos da comissão.

d) Relatório final da comissão
Concluída a fase de defesa, a comissão elabora o relatório final, que:

  • Resume todas as provas colhidas;
  • Analisa os argumentos da defesa;
  • Indica se ficou comprovada ou não a infração; e
  • Sugere, se for o caso, uma penalidade (advertência, suspensão, demissão etc.).

O relatório é encaminhado à autoridade julgadora, que não está vinculada às conclusões da comissão, mas deve sempre motivar sua decisão, especialmente quando discorda das recomendações apresentadas.

Exemplo: se a comissão sugere o arquivamento e a autoridade decide aplicar uma penalidade, ela precisa fundamentar detalhadamente os motivos da divergência, sob pena de nulidade do ato.

e) Julgamento
Com base no relatório e nas provas dos autos, a autoridade competente profere a decisão final.

Essa decisão deve ser motivada, proporcional e respeitar todos os direitos de defesa.

Caso haja penalidade, o servidor pode apresentar recurso administrativo dentro do prazo previsto em lei (geralmente 30 dias).

Saiba mais sobre como vencer um PAD.

Direitos do servidor durante o PAD

Durante todas as fases, o servidor público tem garantias fundamentais que precisam ser observadas pela Administração:

  • Ampla defesa e contraditório: direito de conhecer todos os atos do processo, apresentar provas, questionar testemunhas e se manifestar antes de qualquer decisão.
  • Acesso integral aos autos: o servidor (ou seu advogado) pode solicitar cópias e acompanhar todos os documentos do processo.
  • Acompanhamento por advogado: essencial para assegurar uma defesa técnica e identificar nulidades.
  • Prazos razoáveis: o PAD deve respeitar os prazos legais, sem atrasos injustificados ou decisões apressadas.
  • Direito a perícia técnica: quando houver dúvida sobre questões técnicas ou médicas, o servidor pode requerer perícia.
  • Presunção de inocência: até decisão final, o servidor não é considerado culpado.
  • Tratamento digno: o servidor deve ser tratado com respeito durante todo o processo.
  • Recurso administrativo: caso discorde da decisão, pode recorrer à autoridade superior.
  • Nulidade de atos irregulares: qualquer violação desses direitos pode ensejar a nulidade do processo e a anulação da penalidade.

O que fazer ao receber uma notificação de PAD

Como funciona o PAD: cliente apertando a mão do advogado.
  1. Mantenha a calma. Receber uma portaria de PAD não significa culpa.
  2. Leia atentamente a portaria e entenda qual fato está sendo apurado.
  3. Reúna documentos e provas que possam esclarecer o ocorrido.
  4. Procure um advogado especializado em PAD, que conheça as etapas, prazos e estratégias adequadas.

Com a defesa certa e dentro do prazo, é possível comprovar a regularidade da conduta, evitar penalidades indevidas e até obter o arquivamento do processo.

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